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Impacto da pandemia na vida emocional das mulheres

Alertas e prevenções com a campanha Setembro Amarelo

A pandemia atingiu vários aspectos que já estavam prejudicados no Brasil. Houve quedas na educação, como demonstra pesquisa realizada pela Fundação Roberto Marinho entre 2020 e 2021. Famílias inteiras ficaram desempregadas, o Brasil até o segundo trimestre deste ano manteve o recorde de 14,7% da taxa de desempregados, consequentemente atingiu 14,4 milhões de pessoas, diz o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Vidas foram ceifadas, vidas que importavam para as mães que perderam seus filhos, para as netas que vão sentir saudades dos avós. Nos últimos meses, felizmente, as mortes, como afirma o Observatório COVID-19 organizado pela Fiocruz neste ano, vêm diminuindo com o passar de uma pandemia devastadora. Mesmo assim, ela vai deixar cicatrizes. Pesos que nem todos podem carregar sozinhos. Depressão, ansiedade e estresse são os rastros dos efeitos de passar quase dois anos em isolamento e em um país com pouca infraestrutura. A pandemia causou impactos dolorosos na vida de muitos, principalmente na vida das mulheres brasileiras. Em pesquisa realizada em 2021 pelo Laboratório Think Olga, – organização não-governamental de inovação social com foco em criar impacto positivo na vida das mulheres do Brasil e do mundo por meio da comunicação – afirma que desde o início da pandemia, as mulheres têm encontrado dificuldades para ter acesso a serviços de obstetrícia e contraceptivos. Isso elevou a mortalidade materna no período e o acesso a métodos contraceptivos, como por exemplo: implante anticoncepcional, dispositivo intrauterino (DIU), diafragma vaginal, anel vaginal, anticoncepcional injetável e laqueadura e ao aborto legal.
Além disso, aumentaram os transtornos psíquicos entre 2020 e 2021 em todas as partes do país. É evidente que nem todos os casos começaram por causa da pandemia, mas, com certeza estavam escondidos no interior de cada pessoa e se tornaram mais visíveis neste período pandêmico. O laboratório Think Olga afirma também que a pandemia ultrapassou a fronteira do adoecimento físico e vem afetando a saúde mental das mulheres. Carga horária triplicada, sobrecarregada em todas as horas do dia em um país que o próprio Estado não busca soluções efetivas para a saúde da mulher, já que estão no topo das mais afetadas emocionalmente pela crise no Brasil.
Segundo a diretora da  Organização Pan-Americana da Saúde, (OPAS), Carissa F. Etienne, “a pandemia de COVID-19 causou uma crise de saúde mental, uma escala nunca vista. É urgente que o apoio à saúde mental seja considerado um componente crítico da resposta à pandemia, devemos nos empenhar para que aqueles que vivem com problemas de saúde mental, bem como sobreviventes da violência, tenham os recursos e o apoio dos quais precisam”. Ela ainda destaca que nesta pandemia ter uma boa saúde mental é necessária para o bem-estar das pessoas e das sociedades.

Alunas e servidoras da Unipampa

A pandemia também tem impactado a vida das discentes e servidoras da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), é o que constatam duas psicólogas da instituições que atendem no campus São Borja, Giordana Rodrigues e Camila Perez. Modificou a rotina de muitas e afetou  principalmente a saúde mental. A psicóloga Giordana Rodrigues, que presta atendimento às alunas, afirma que a crise da COVID-19 impactou sim na saúde emocional das mulheres. “Os sentimentos de insegurança, medo, sobrecarga, tristeza, desesperança, cansaço, estresse, ansiedade, são apenas algumas das reações muito frequentes diante da pandemia. As mulheres acabam sofrendo ainda mais com a sobrecarga, já que, nós precisamos assumir ainda mais responsabilidades, como, por exemplo, a de mediar e conduzir o aprendizado escolar dos filhos. Essa sobrecarga dificulta que a mulher consiga ter tempo para seus autocuidados e para investir em sua própria saúde mental, especialmente durante a pandemia, onde foram reduzidos os espaços de lazer e descanso, que ajudam a extravasar e enfrentar o estresse do dia a dia”, ressalta Giordana.
Ainda na percepção da psicóloga, as discentes que buscam atendimento no campus São Borja enfrentam sentimentos de solidão; auto cobrança demasiada para cumprir com todas as demandas; dificuldades em conciliar as atividades acadêmicas, tarefas domésticas e cuidado com a família durante o ensino remoto; sintomas de ansiedade e depressão; desmotivação e dificuldades de concentração nos estudos; e problemas nos relacionamentos interpessoais, entre outros. Desde que começou os atendimentos de forma remota, em março de 2020, em razão da pandemia, a psicóloga atendeu mais de 30 alunas, número pequeno quando comparado ao total de discentes que estão matriculadas no campus.

A psicóloga Camila Perez, que realiza trabalhos voltados para a saúde mental das servidoras da instituição ressalta que a pandemia resultou sim em transformações significativas na vida pessoal e profissional dessas mulheres. “No contexto de isolamento social e home office, o trabalho como servidora pública aliado ao trabalho doméstico desnudou a sobrecarga de trabalho das mulheres. Em muitos casos, há sobrecarga em relação ao cuidado com os filhos (em alguns lares, inclusive, as mulheres são as únicas responsáveis por eles, devido ao abandono paterno). Durante o período de ensino remoto, muitas mães tiveram que participar ainda mais ativamente no auxílio aos filhos com suas tarefas. Além disso, recai nas mulheres, em grande parte das vezes, maior responsabilidade no cuidado da casa, bem como em relação à alimentação da família. Em virtude deste cenário, alguns casamentos ficaram fragilizados ou insustentáveis e ruíram. Várias mulheres relataram exaustão diante dos cuidados requisitados por todos os membros da família somados à sobrecarga no trabalho.”
Mesmo que ambas psicólogas ofereçam apoio a públicos diferentes é notável que, tanto para as discentes quanto para as servidoras do campus São Borja, a sobrecarga teve um aumento. Segundo as psicólogas, tudo se uniu em uma bolha gigante de conflitos e manter o bem-estar psíquico está sendo difícil. Estresse, ansiedade, depressão e a profundidade que esses casos podem chegar é grave, por isso, é fundamental realizar o acompanhamento. As psicólogas da Unipampa podem auxiliar para que mulheres consigam se libertar e enfrentar seus medos com todo cuidado e apoio que merecem.

Por isso, assim que ocorreu a suspensão das atividades presenciais no campus, o serviço de apoio online foi criado, chamado Diálogos Digitais, que está disponível para todos os estudantes da Unipampa. Para participar das atividades é preciso preencher o formulário e, assim que analisado, um dos psicólogos entrará em contato.  Para atendimento às servidoras(es), atualmente, são realizados por videoconferência, através do Google Meet e do Zoom.

Caso não tenha a oportunidade de ter o acompanhamento com umas das psicólogas da Unipampa, você pode também seguir as orientações da Organização Mundial da Saúde, veja abaixo:

As são-borjenses

Além dos portões da Universidade, há também possibilidades de buscar ajuda em outros meios, como: clínicas particulares, postos de saúde, ONG ‘s, redes de apoio, Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), lugares que auxiliam para o bem-estar feminino.
Com a chegada da campanha Setembro Amarelo, dedicada à prevenção do suicídio, várias organizações públicas e privadas fazem alertas sobre os cuidados comportamentais que devemos observar e propõem maior empatia. Falar sobre a saúde emocional da mulher é essencial para prevenirmos casos graves de depressão e suicídios, especialmente em 2021. Com as várias perdas no ano passado e que continuaram neste ano, ter um mês dedicado a abrir espaços para ouvir essas mulheres se torna importante.
Em entrevista, a psicóloga Gerusa Terra que atende no Pró-Saúde em São Borja, revela que é importante conscientizar as pessoas e familiares que o suicídio é algo sério e que devemos respeitar o que o outro nos sinaliza. “O isolamento, aceitação de tudo, olhar parado e pensamento vago”, diz Gerusa, são alguns dos sinais que podem indicar pensamentos suicidas. Claro que não está relacionado a todas as mulheres, mas é importante ficarmos atentas. Uma vez que, as mulheres em comparativo aos homens, cometem mais tentativas de suicídio, mas como afirma a psicóloga, por sermos mais emotivas e expressarmos mais nossos sentimentos, consequentemente pedimos mais ajuda.
Assim como Giordana e Camila, Gerusa também aponta aumento considerável nos casos de transtornos psíquicos, como depressão, ansiedade e estresse das são-borjenses com a crise da pandemia. Além disso, ela destaca duas fases da vida difíceis de serem aceitas devido a grande discriminação: idosas que se acham incapazes e inúteis, perdem seu referencial e produtividade – e na pandemia como grupo de risco, o isolamento social dessas pessoas se tornou indispensável para se manter longe do vírus, e as jovens, porque são obrigadas a decidir um futuro, e que muitas vezes são oprimidas por não saberem o que querem, ocasionando cobranças e que por sua vez, se sentem inúteis e incapazes também. Mesmo sendo gerações diferentes, para muitos jovens e idosas a sensação de incapacidade pode ocasionar com o tempo a depressão e assim como disse acima, levar para uma profunda tristeza que seja difícil de escapar.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que 90% dos casos de suicídios são preveníveis. Por esse motivo, a busca de informações e de meios para identificar os sinais, conversar com amigos e familiares que possam estar em perigo, são ações necessárias para prevenir o suicídio de quem está perto, alega a psiquiatra Joice Sabin, que trabalha no Ambulatório de Psiquiatria da Prefeitura de São Borja e no Centro de Atenção Psicossocial Caio Escobar,.  De acordo com Joice, os quadros médicos mais comuns em pacientes que procuram atendimento é a depressão – tristeza, melancolia, ansiedade, luto. Também diagnosticou pacientes com transtorno pós-traumático pós-covid. Por esse motivo, para a psiquiatra, a campanha Setembro Amarelo é essencial para alertar a comunidade e chamar a atenção para o assunto suicídio. “Mostrar que precisamos falar e conscientizar a população sobre a Saúde Mental é necessário”, conclui Joice.

Abaixo você encontra os tipos de depressão, sintomas e meios de prevenir-se ou prevenir alguém que ame:

As campanhas no mês de setembro, nos últimos anos, têm focado no diálogo como forma de evitar o suicídio.  Questionada sobre o que podemos exatamente propor para dar início a um diálogo sobre um tema tão delicado, a psiquiatra Joice Sabin, reforça que, “ter um diálogo aberto sobre a saúde emocional, com enfoque no dia-dia, apontando as situações de estresse que podem ser de maior risco e apontar as maiores dificuldades que essas pessoas enfrentam e o que podemos fazer para mudar, ter essa consciência que tudo o que nos rodeia é saúde emocional”. Mas, mesmo com todas as campanhas para impulsionar um olhar mais atento ao próximo, a sociedade em geral sempre teve um preconceito ou desinformação sobre o tema suicídio, constituindo-se em um tabu na sociedade. Contudo, Joice acredita que com as campanhas a conscientização vem ganhando espaço cada vez maior. 

“Em relação ao setembro amarelo, eu gosto muito. Porque temos a oportunidade de falar sobre o suicídio”, destaca a psicóloga Dyanne Poerscke, que acredita que nunca devemos desperdiçar a oportunidade de questionar se alguém próximo está bem. Para ela, a conexão de olhar nos olhos, querer ajudar verdadeiramente, escutar e fazer companhia nunca pode ser algo supérfluo, temos que estar disponíveis independentemente da emoção que a pessoa sente. Aliás, existem outras formas que são de extrema importância para manter a conexão com essas mulheres: Mostrar que estão sendo acolhidas, saber que podem confiar e partilhar as suas dores e tristezas sem serem julgadas. “Temos que sair da superficialidade do mesmo diálogo e realmente encontrar em cada pessoa uma oportunidade de se conectar. Quando isso é verdadeiro, a pessoa se conecta, ela percebe que ali tem uma abertura, que ali tem uma oportunidade dela poder se abrir”. Acrescenta, Dyanne.

Um ponto que as psicólogas ressaltam é a necessidade de ter um olhar mais atento aos comportamentos dessas pessoas que podem estar com pensamentos suicidas. Como reforça a psicóloga Dyanne “é bom manter o sinal de alerta ligado,” e acrescenta que quando uma pessoa está com a ideia de cometer suicídio ela demostra, como por exemplo em frases do tipo: não vale a pena viver; a vida é difícil; a vida é uma droga. É nesses momentos que é perceptível que algo não está bem e que a vida não tem mais sentido, “desfazem da vida, porque quando uma pessoa está bem, ela não vem com esse discurso” e como afirma a psicóloga, são “nesses momentos que pode acontecer de desenvolver uma depressão e a partir disso concretizar um suicídio”, reforça Dyanne.
Segundo a psicóloga, às vezes observar, escutar e se conectar a uma mulher pode salva-lá. “Às vezes as pessoas entram em depressão sem se dar conta, e quando percebem em muitos casos pode ser tarde demais”. Por isso, ter empatia se torna fundamental nesses casos, explica Dyanne. “O que devemos observar é que todo comportamento que é disfuncional, ou seja, aquilo não está de acordo, tem algum problema, a pessoa não está bem. Pode ser um momento que vai passar rápido ou pode ser que não. Pode ser apenas um dia estressante, ou não. Mas, se aquele comportamento é frequente, tem algo de errado. Todo comportamento disfuncional esconde uma falta”. Por esse motivo é fundamental o amparo de psicólogos/psiquiatras e da família para ajudar mulheres que estejam em situação de vulnerabilidade. “A pessoa que está com depressão profunda, já não responde por ela mesma, o nível dessa dor é tão grande que se torna indispensável o apoio da família, amigos e profissionais da saúde”, diz Dyanne Poerscke.
A pandemia com certeza impactou a vida das mulheres que vão ao consultório da psicóloga Dyanne, e além disso, ela considera que a crise da COVID-19 trouxe a oportunidade de olharmos para nossas dores e que com isso, consequentemente aumentou os níveis de depressão, ansiedade, suicídio. “Mas, ao mesmo tempo, isso nos joga para uma verdade que sempre existiu, ela trouxe uma enxurrada de coisas, mas ao mesmo tempo ela fez/faz a gente parar e olhar o que está acontecendo. O que acontecia aqui que eu não via e agora eu vejo? A pandemia trouxe a oportunidade da gente ver onde estamos errando, o que precisa mudar, ela trouxe muita dor, mas também trouxe muito aprendizado,”, conclui.
Dessa forma, se torna imprescindível a campanha no mês de setembro para auxiliar na prevenção e redução de doenças emocionais. No site oficial Setembro Amarelo, desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), organiza nacionalmente o Setembro Amarelo. Também é possível observar no site, que são registrados mais de 13 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de um milhão no mundo. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano.

A Organização Pan-Americana da Saúde também trabalha em prol da campanha Setembro Amarelo, abaixo você confere como pode prevenir-se ou prevenir quem você ama.

Apoio em São Borja

Encontrar apoio psicológico quando se está em situação de vulnerabilidade pode ser difícil para muitas mulheres. Por isso, a existência do Sistema Único de Saúde (SUS), de redes de apoio, dos CRAS e também no CREAS fazem toda a diferença. A diretora do Departamento de Trabalho e Qualificação Profissional da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Social (SMDS) com atuação no CREAS, Etiane Amaro Sauer Friedrich, auxilia para oferta de serviços especializados e continuados a famílias e indivíduos em situação de ameaça ou violação de direitos, oferece todo o suporte necessário para vítimas de violência e faz encaminhamentos específicos dos casos.
Em pesquisa realizada no site do Governo do Rio Grande do Sul, o CREAS deve, ainda, buscar a construção de um espaço de acolhida e escuta qualificada, fortalecendo vínculos familiares e comunitários, priorizando a reconstrução de suas relações familiares. Dentro de seu contexto social, deve focar no fortalecimento dos recursos para a superação da situação apresentada.
O CRAS e CREAS podem atender pessoas com histórico de violência física, psicológica e negligência; violência sexual; afastamento do convívio familiar devido à medida de proteção; situação de rua; abandono; trabalho infantil; discriminação por orientação sexual, raça ou etnia; e descumprimento de condicionalidades do Programa Bolsa Família em decorrência de violação de direitos..
Se não sentir-se confortável para entrar em contato com o CREAS de São Borja, pode optar por conhecer a rede de apoio a mulheres denominado “Elas por Elas – São Borja”. Em nota, uma das representantes da rede de apoio, Lisiane Scalco, diz: “Somos mulheres que se uniram em um coletivo pautado nas causas sociais que surgiu originalmente de um movimento nacional chamado “Ele Não”. Denunciamos atos que entendemos ofensivos aos Direitos Humanos e buscamos somar na luta por políticas públicas que contemplem a valorização de todos, todas e todes”.
A rede de apoio surgiu em 2020, com o objetivo de organizar e mobilizar a sociedade, especialmente mulheres, para realizar ações sociais, culturais e de educação. Busca a prevenção e enfrentamento a todas as formas de violência contra mulheres, em especial às que sofrem discriminações ou encontram-se em situação de vulnerabilidade. O “Elas por Elas” não faz trabalhos voltados à saúde feminina, mas pode ser uma forma de encontrar apoio em uma equipe que vai saber te ouvir e compartilhar experiências.

Lembre-se: se estiver precisando de ajuda basta procurar pela Secretaria de Desenvolvimento Assistência Social de São Borja nesses endereços ou telefones.

Setores e Locais:

Central Administrativa da Secretaria – Fone: (55) 3431 – 9993

Bolsa Família – (Departamento anexo à Secretaria de Desenvolvimento Social) – Fone: (55) 3431 – 2625

Coordenadoria das Mulheres – Fim: Olinto Arami Silva, n ° 362 (Antigo Hospital São Francisco) – Fone: (55) 3431 – 8799.

Conselho Tutelar – Fim: Barão do Rio Branco, n ° 2840 (Antiga Delegacia de Polícia) – Fone: (55) 3431 – 7921 – Plantão: (55) 9 9986 – 3968. (Funcionamento de segunda a sexta-feira das 8 às 12h das 13h30m às 17h).

Centro Dia do Idoso – Fim: Rua Sarandi, n ° 320 (Antigo Centro Social) – Fone: (55) 3431 – 3411. (Funcionamento de segunda a sexta-feira das 7h30m às 17h).

Casa da Acolhida : (Anexa à Secretaria de Desenvolvimento Social) – Fone: (55) 3431 – 2699.

Centros de Referência em Assistência Social:

CRAS Centro (Anexo à Secretaria) – Fone: (55) 3431 – 9993

CRAS Passo – Fim – Rua Alberto Benevenuto, n ° 680 – Fone: (55) 3430 – 1630

CRAS Paraboi – Fim – Rua Gustavo Sampaio, n ° 1559 – Fone: (55) 3431 – 2313

CRAS Leonel Brizola – Fim: Francisco Koltermann, n ° 1650 – Fone: (55) 3431 – 1555

Funcionamento: de segunda a sexta-feira das 7h30m às 12 e das 13h30m às 17h.

Centro de Referência Especializado de Assistência Social:

CREAS – Fim: Olinto Arami Silva, n ° 362 (Antigo Hospital São Francisco) – Fone: (55) 3431 – 8799. Funcionamento: de segunda a sexta-feira das 7h30m às 12h e das 13h30m às 17h. 

Ou entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV) que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma voluntária e gratuita todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, email e chat 24 horas todos os dias. Ligue 188, ou acesse o site para mais informações. 


por Izadora Bittencourt

Fontes:

Relatório Final – Saúde da Mulher. Produzido pelo Lab Think Olga
Violência contra as mulheres. Produzido pelo Lab Think Olga
Saúde Mental e COVID-19. Produzido pela Organização Pan-Americana da Saúde com apoio da OMS
Depressão. Produzido pela Organização Pan-Americana da Saúde com apoio da OMS
Suicídio. Produzido pela Organização Pan-Americana da Saúde com apoio da OMS
Violência contra a mulher. Produzido pela Organização Pan-Americana da Saúde com apoio da OMS
Transtornos mentais. Produzido pela Organização Pan-Americana da Saúde com apoio da OMS
CREAS – Centro de Referência Especializado de Assistência Social. Produzido pelo Governo do RS
CREAS é referência no atendimento a vítimas de violações de direitos e violências. Produzido pelo Governo do DF
Elas por Elas – Rede de Apoio

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São Borja

Semana Farroupilha: a tradição em meio a pandemia

O evento festivo da cultura gaúcha é comemorado em São Borja

Por Gabrielli Almeron, Kimberlin Valerio e Tuãne Araújo

A Semana Farroupilha é celebrada, desde 1947, do dia 13 a 20 de setembro, para relembrar e homenagear os líderes da Revolução Farroupilha, bem como a tradição gaúcha, com seus chimarrões, shows campeiros e desfiles com roupas típicas da cultura. Apesar da pandemia, a comemoração está na agenda da Prefeitura Municipal de São Borja para ser comemorada este ano. Instituída a Capital Gaúcha do Fandango em 2018, o município é destino para os turistas que querem comemorar o maior evento festivo da cultura sulista. Construída em conjunto com a Coordenadoria de Educação, Brigada Militar, quartéis, entidades tradicionalistas e piquetes, a prefeitura oficializou setembro como o mês Farroupilha.

O tradicional desfile da Semana Farroupilha, em São Borja. Foto: Miro Bacin.

Em anos anteriores, a festividade iniciava em agosto com a eleição de casais fandangueiros de cinco categorias: pré mirim, mirim, juvenil, adulta e xirú. Por ser um evento de grande porte, segundo a diretora do Departamento de Comunicação da Prefeitura de São Borja (Decom), Danielly Engelmann, desde 2019 os pares eleitos continuam com os títulos, já que não foi possível, desde o começo da pandemia, realizar nova eleição. A decisão de não tornar um evento presencial e de acreditar que não caíria bem como um evento virtual, a diretora de comunicação explica que, “não conseguiríamos executar como gostaríamos. Nosso evento possui uma grande credibilidade [por São Borja ser a capital do Fandango]. Então a presença do público é em alto índice, é um número de pessoas que participam que, hoje, em um contexto de pandemia, não é permitido. Não nos passaria, como gestão, colocar a saúde pública em risco”. A mesma decisão foi tomada para o Baile de Ramada, que é o baile a céu aberto, costumeiro no Cais do Porto, que na última edição teve a participação de mais de 10 mil pessoas. O evento costumava ser o pontapé inicial do mês Farroupilha.

Casais fandangueiros 2019. Foto: Decom/Prefeitura de São Borja.

Para não passar em branco, a secretária municipal de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer (SMCTEL), Vânia Alves Cardoso, explica que a prefeitura decidiu readequar as partes que podem ser comemoradas em um formato que siga os protocolos sanitários de distanciamento social. Hoje, no dia 13 de setembro, com a chegada da chama crioula, haverá a recepção na plataforma cívica, na Praça XV de Novembro, para a centelha ser distribuída para todas as entidades tradicionais gaúchas de São Borja. O diferencial da Guarda da Chama deste ano é que, diferente dos anteriores, em que cada entidade tinha um dia para apresentar presencialmente suas atividades, exposições artísticas e campeiras, para não promover aglomerações, a SMCTEL é que irá realizar a passagem da chama. A secretária explica que haverá exposição, feita pela própria prefeitura, mas que não haverá chamada para que as pessoas compareçam na praça. Em conjunto com os piquetes e Centro de Tradições Gaúchas (CTG), apesar das apresentações serem presenciais, será transmitido para o público, via internet, a programação feita por cada um, em dias separados, para manter a segurança contra a COVID-19.     

No dia 20 de setembro haverá a finalização do festival com a extinção da chama, com a tradicional retirada da Centelha da Plataforma Cívica. Apesar do decreto do Estado do Rio Grande Sul, no dia 18 de agosto, após avaliação do Gabinete de Crise, liberar a realização dos desfiles dos festejos farroupilhas, com a concessão somente para cavalarianos, para reduzir o número de participantes, até o dia 26 de agosto, a Prefeitura de São Borja, segundo Engelmann, decidiu pela não realização do tradicional desfile. Ao invés disso, começará um concurso sobre o tema, intitulado pelo Estado, para a semana deste ano: Caminhos de Anita. As entidades tradicionais irão eleger candidatas para serem escolhidas como Anita, que passarão por provas realizadas pela prefeitura. 

Prova realizada para a escolha de Anita. Foto: Decom/Prefeitura de São Borja.
Prova para a escolha de Anita. Foto: Decom/Prefeitura de São Borja.

Os tradicionais bailes, o distanciamento social e a fiscalização

A secretária da Cultura explica que, segundo o decreto do Estado, os bailes gaúchos estão liberados, mas com protocolos a serem seguidos. Apesar de alguns CTGs e piquetes optarem pela não realização ou com a diminuição de eventos na semana, os bailes dançantes não são permitidos. A apresentação dos grupos musicais e as alimentações estão liberadas, mas devem seguir os Protocolos Gerais Obrigatórios de restaurantes. A prefeitura apenas irá ajudar na divulgação das programações, como nos anos anteriores. 

Apesar de existirem orientações de distanciamento e cuidados contra o coronavírus, o Comitê de Gestão de Crise de São Borja, segundo Engelmann, vem trabalhando para a conscientização da população para que siga, na semana farroupilha, os protocolos estaduais e municipais durante toda a festividade. “Se tem esse trabalho de fiscalização. Estamos mantendo isso das orientações, porque na verdade não deveríamos fiscalizar, todos deveriam colaborar. Mas sabemos que isso só existe em tese. Então fazemos isso junto com os outros órgãos de segurança”, reitera. Se houver ocorrências fora do que está estabelecido nos decretos, a punição será feita pelos fiscais de postura e equipe de fiscalização do município, junto com a Brigada Militar e Promotoria. 

A tradição na pandemia

Desde 2018, quando São Borja recebeu o título de Capital Gaúcha do Fandango, a preocupação da prefeitura é valorizar a cultura, tradição e atividades envolvidas com o evento festivo gaúcho, explica Engelmann. O potencial turístico que a programação traz, com a grande requisição dos hotéis; procura de corte e costura, com encomendas de roupas tradicionais; transporte particular de motoristas de aplicativos e taxistas, movimenta, segundo a diretora de comunicação, a parte econômica e social da cidade. Mesmo com a pandemia, a prefeitura acredita que a semana farroupilha é uma raiz de São Borja e deve ser celebrada.

O tradicional desfile não acontecerá este ano. Foto: Miro Bacin.

Vale lembrar que há uma nova variante circulando pelo Rio Grande do Sul. A cepa Delta, com sua maior transmissibilidade, acendeu o alerta de preocupação no estado e tem causado mortes. A semana farroupilha acontecerá e as medidas sanitárias, para não causar mais contaminações pela nova variante, deverão ser mantidas. Usar corretamente a máscara, lavar as mãos, utilizar álcool 70 e evitar aglomerações continuam valendo para que os festejos aconteçam com segurança. Além disso, o ciclo vacinal completo contra a COVID-19, continua a ser a melhor forma de combate ao vírus.

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Produção Multiplataforma em Jornalismo II

Motivados por fake news, pacientes da fronteira oeste buscam vacinas específicas

Por: Manuel Neto, Ritta Pilar, Stela Boeira, Thiago Paiva e Vívian Ayala.

A busca por vacinas de determinados laboratórios tornou-se frequente nos postos de saúde de municípios da fronteira oeste. O fato tem ocorrido em São Borja, Itaqui e Uruguaiana, conforme afirmam profissionais que atuam na vacinação. A busca geralmente é motivada  por desinformações e fake news que circulam nas mídias sociais digitais. A prioridade é sempre dada à dose única da vacina Janssen (da norte-americana Johnson & Johnson). 

Casos do tipo ocorreram em Itaqui, segundo a enfermeira Fabiane Silveira Davila. Ela conta que, ao realizar a vacinação, segue um protocolo de atendimento para evitar receios relacionados à notícias falsas. “Eu sempre aspiro a vacina na frente da pessoa, mostro qual vacina é o líquido e, após administrar, mostro a seringa vazia”, comenta. 

A técnica em enfermagem Joselaine Barreto, que atuou na vacinação em Uruguaiana, aponta que, quando aparecem pacientes com receio ou medo da vacina, ela procura dialogar, salientando a importância da vacina, seja ela qual for. “A gente conversa, a gente tenta acalmar o paciente para fazer a vacinação”, conta. Quanto ao medo, a técnica comenta que foi registrado o caso de uma mulher que afirmou que não faria a vacina e ninguém a conquistaria. Diante disso, não houve o que fazer por parte dos funcionários da unidade de saúde. 

Em São Borja, a técnica em enfermagem Daniela Martins Prado, que, atualmente, exerce sua função na Unidade de Saúde Prisional do Presídio Estadual do município, comenta que quando ainda trabalhava no ESF, presenciou casos em que as pessoas, antes de tomarem a vacina, questionavam sobre o laboratório do imunizante, chegando até mesmo a desistir de tomar a vacina, porque não era a de sua preferência. Ao falar sobre a Unidade Prisional, ela afirma que, diferentemente da população em geral, “todos aceitaram a vacinação, porque, na visão deles, quanto mais rápida a vacinação, mais rápido podem ser retomadas as rotinas anteriores à pandemia, como, por exemplo, a visitação”.

Daniela Martins Prado aplicando o imunizante em um paciente.

Daniela ainda acrescenta que a busca por informação neste momento é fundamentaal. “As pessoas têm direito a acompanhar todo o processo de vacinação. Então, eu diria para elas que não existe vacina de vento, pois elas têm o direito de pedir para acompanhar, desde a aspiração até a aplicação da vacina, sendo permitido até mesmo o registro em fotos. Quanto às fake news, sugiro que as pessoas busquem a informação antes de tirarem conclusões de notícias jogadas na internet”, salienta. 

Joselaine e Fabiane concordam, ao dizer que a experiência de estar atuando na vacinação contra a Covid-19 é boa, mas desafiadora e exaustiva, principalmente ao lidar com casos em que o paciente questiona a eficácia dos imunizantes aplicados. Enquanto Daniela observa que, ao aplicar a primeira dose de uma vacina, fica com receio de que as pessoas não retornem para as doses seguintes, mas, ao mesmo tempo, se sente feliz e grata pela função que desempenha.

Fake News e vacinação

Com a sociedade e a realidade em que vivemos hoje em dia, as informações são passadas muito rapidamente através da internet, tornando fácil que qualquer cidadão exerça o papel de criador e disseminador de conteúdos, amplificando, em grande escala, o compartilhamento de qualquer tipo de conteúdo. 

Em um momento em que mais de 46 milhões de brasileiros (21,79% da população) já receberam a segunda dose, ou dose única dos imunizantes, tomam conta das mídias sociais, além das fake news, discussões como: se uma terceira dose das vacinas seria viável, ou se as mesmas são realmente eficazes. A bióloga, professora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e divulgadora Científica no blogs Unicamp, Ana Arnt, ao comentar sobre a possibilidade de uma terceira dose, afirma que apenas a pesquisa pode nos dar as devidas respostas. “Com certeza, a discussão da terceira dose faz sentido como parte da pesquisa sobre as vacinas”. No entanto, ela finaliza dizendo que apenas com pesquisas poderemos saber se uma terceira dose de imunizante será mesmo necessária.

No Brasil, uma pesquisa realizada pelo Datafolha em dezembro de 2020 revelou que a quantidade de pessoas que não queriam se vacinar contra a Covid-19 chegou a 22% dos brasileiros. Entre os motivos da resistência, estão o medo de agulhas (aicmofobia) e a crença em notícias falsas. Um exemplo é a aposentada Rosane Kulmann, de 57 anos, que confessa ainda estar receosa em relação à eficácia do imunizante. Isso ocorreu “devido a várias polêmicas sobre a vacina, que colocam em dúvida seu resultado”. Rosane ainda relata que conhece pessoas que só irão se vacinar se forem obrigadas.  

A jornalista e mestranda no Programa de Pós-graduação em Comunicação e Indústria Criativa (PPGCIC) da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Alexia Saner, realizou a observação do cenário de desinformação sobre a Covid-19 existente em Uruguaiana. A pesquisa integrou etapa de seu Projeto de Desenvolvimento e Inovação (PD&I) do mestrado profissional, que teve o intuito de contribuir com a verificação de informações relevantes para a saúde das pessoas durante a pandemia. A partir disso, a jornalista criou uma Agência de checagem de informações, a Vericheck Covid-19.

Com o desafio de ser um instrumento de combate à desinformação em Uruguaiana, a agência realizou 16 publicações envolvendo produção gráfica e redação textual sobre desinformação, produção jornalística e checagem de informações sobre a Covid-19. Alcançando não só cidades do estado, Alexia acredita que a experiência foi essencial para entender como as pessoas lidam com esse tipo de checagem, o fact-checking. “Foi importante para compreender, na prática, como a desinformação acontece e como a população pode reagir quando a verificação da informação é disponibilizada para elas. Mesmo que todos os links, métodos e materiais acessados para a checagem da informação, algumas pessoas continuavam duvidando da veracidade e da transparência jornalística”.

Recentemente, a OMS alertou instituições e autoridades sobre “infodemia”, um conceito que consiste em teorias da conspiração, fake news, rumores e outros conteúdos divulgados em torno da pandemia, os quais contribuem para aumentar os casos, as recusas à vacina, e as mortes por Covid-19.

Com o crescente número de grupos antivacina nas redes sociais, informações falsas sobre vacinas para o combate à Covid-19 começam a ser frequentemente divulgadas. 

A importância da vacinação

As vacinas sempre foram grandes aliadas contra diversas doenças na história da humanidade. Doenças como febre amarela, tétano e varíola quase deixaram de existir no Brasil graças à ciência, que desenvolveu os medicamentos necessários. O que poucos sabem é que casos assim acontecem porque, quando grande parte da população está vacinada, os agentes causadores dessas doenças deixam de circular em muitos ambientes. Então, mesmo quando um indivíduo entra em contato com a doença, ele não a desenvolve, por já estar imune.

Atualmente, os movimentos antivacina no país, além de atrasarem o processo de imunização contra a Covid-19, também fazem com que diversas doenças, como sarampo, poliomielite (paralisia infantil), difteria e rubéola, que um dia foram consideradas erradicadas, voltaram a aparecer entre a população brasileira. Segundo o Summit Brasil, “o sarampo, por exemplo, era tratado como eliminado no Brasil em 2016, mas em 2018 voltou a oferecer perigo para a população, e dados da OMS apontam até para um possível surto no País”.

Esclarecendo dúvidas sobre os imunizantes

Confira a seguir, as principais dúvidas sobre a vacinação, esclarecidas pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal:

  1. A vacina só protege quando dá reação?

Não. Segundo a Secretaria de Saúde, as vacinas são produzidas a partir de fragmentos do vírus e das bactérias e são introduzidas no corpo humano para estimular o nosso sistema de anticorpos a produzir uma defesa específica contra aquela doença. Quando o nosso corpo produz essa defesa, pode provocar algumas reações semelhantes àquelas causadas quando ficamos doentes, só que numa proporção menor.

  1. Quem teve covid-19 pode tomar a vacina?

Não só pode como deve tomar. Porém, o desaparecimento dos sintomas deve ter ocorrido 14 dias antes da imunização e, no momento da vacinação, a pessoa não poderá estar doente ou com quadro febril.

  1. O cidadão pode escolher a vacina que quer tomar?

Não, em hipótese alguma o paciente escolhe o imunizante. Já é sabido que a disponibilização das vacinas ocorre de acordo com a chegada das doses ao estado. Todas as vacinas disponíveis no Brasil são eficazes.

  1. Após tomar a primeira dose da vacina você deve continuar usando máscara e evitando aglomerações?

Sim. Mesmo após a vacinação completa, ainda é imprescindível continuar seguindo as orientações da OMS, sendo elas: uso de máscara, distanciamento social e higienização das mãos. Essas medidas sanitárias seguem importantes, já que a vacina não impede a circulação do vírus, nem de suas novas variantes.

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São Borja registra mais mortes que nascimentos no 1º semestre de 2021

Por Dionatan Farias e Manuel Neto

Fonte: Google Street View em 03/08/2021

Além das mais de 250 mortes causadas pela Covid-19 em São Borja, a pandemia afeta de forma inédita a demografia do município e também de todo estado, com mais mortes do que nascimentos sendo registrados durante o primeiro semestre de 2021. É o que demonstram os dados do Portal da Transparência do Registro Civil, site mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (ARPEN) que disponibiliza informações e estatísticas sobre nascimentos, casamentos e óbitos registrados pelos cartórios do país. Em São Borja, foram 444 mortes e 378 nascimentos de janeiro até o fim de junho.

Tais números ajudam a ilustrar o quanto a chegada da pandemia contribui para o aumento da mortalidade. Comparando os mesmos períodos (os primeiros seis meses) de 2020 e 2021, nota-se um aumento de 48% nas mortes. Já os nascimentos no primeiro semestre de 2020 tiveram uma queda de 5,7% em 2021. Durante todo o ano de 2019, foram 523 mortes, mantendo-se praticamente o mesmo número em 2020, quando foram registrados 526 óbitos.

A cidade segue uma tendência observada em todo o estado. No total, o Rio Grande do Sul registrou 66.824 mortes e 65.932 nascimentos no primeiro semestre deste ano. Outras cidades da Fronteira Oeste também registraram mais mortes que nascimentos até o momento.

Esta queda na natalidade ocorre após anos de crescimento populacional. Mesmo com a desaceleração nos nascimentos, ocasionados pela mudança social, econômica e cultural que a urbanização trouxe para o país, o IBGE calcula um decrescimento da população brasileira, isto é, quando os níveis de morte e de nascimento passam a ser iguais, o que só deveria ocorrer por volta de 2050. No áudio abaixo, José Eustáquio Diniz, doutor em demografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que a pandemia entrou no caminho, fazendo com que essa curva histórica mudasse:

Como expõe Diniz, esse crescimento súbito de mortes ocasionado pela pandemia não vai se manter. Com a vacinação em andamento e o fim das restrições mais severas contra a Covid-19, as taxas de natalidade voltarão a superar a de mortalidade, mantendo assim a tendência histórica e decrescimento populacional somente para 2050. Mas o impacto causado pela pandemia no sul demonstra tendências e particularidades do Estado e de sua população que contribuíram para este cenário inédito e valem a pena ser conhecidas.

PORQUE OS GAÚCHOS FORAM TÃO AFETADOS?

No pico da pandemia no estado, em março de 2021, o Rio Grande do Sul registrou pela primeira vez mais mortes do que nascimentos em um mês, antecipando o que viria a ocorrer em outras regiões do país. O fato do estado ser o primeiro a atingir tais números pode ser explicado pelas características demográficas do povo gaúcho. Com a população mais envelhecida do país, o IBGE estima que quase 18% dos rio-grandenses têm mais de 60 anos de idade. Como se sabe, os idosos constituem grupo de risco, sendo mais vulneráveis a Covid-19.

Segundo outras estimativas do IBGE, o índice de envelhecimento (IE) no Sul, que mede a relação entre a população idosa  (60 anos ou mais) e a população jovem (de 0 a 14 anos), é o mais elevado do país. As projeções calculam que, em 2020, o estado alcançou 103,3 idosos para cada 100 jovens. Um IE acima de 100 significa uma população envelhecida. Além disso, todas as cidades com o índice de envelhecimento mais alto do Brasil estão no Rio Grande do Sul

José Diniz explica que o envelhecimento também traz consigo o fim do período reprodutivo para as mulheres – que geralmente vai dos 15 aos 49 anos -, fazendo com que os nascimentos simplesmente não aconteçam. Mesmo antes da pandemia as taxas de fecundidade no estado estavam abaixo do nível de reposição. A taxa de fecundidade estima o número médio de filhos de uma mulher em seu período reprodutivo. O nível de reposição, hoje em 2,1 filhos, é o necessário para que uma população permaneça do mesmo tamanho; acima de 2,1 a população aumenta, abaixo desta média a população começa a diminuir. Atualmente, a taxa de fecundidade do Rio Grande do Sul é de 1,7.

O demógrafo também ressalta que novos fatores sanitários e econômicos causados pela pandemia influenciam na baixa natalidade vista neste primeiro semestre de 2021. De acordo com Diniz, o medo de contrair Coronavírus e a insegurança econômica que a pandemia trouxe, podem ter influenciado muitos casais a adiarem uma possível gravidez.

IMPACTO EM SÃO BORJA

Apesar dos nascimentos e mortes tenderem a retornar aos patamares pré-pandêmicos e seguirem as previsões históricas, Diniz alerta que em uma cidade como São Borja o envelhecimento e decrescimento populacional podem ser antecipados. Isso porque o município já teve uma queda populacional desde o último censo. Segundo o IBGE, estima-se que de 61.671 habitantes em 2010, agora são cerca de 60.019.

Além do envelhecimento pelo qual já passam, cidades pequenas da fronteira, como São Borja, perdem muito de sua população jovem, que emigra em busca de melhores oportunidades econômicas em outros lugares, realidade que condiz com a queda populacional estimada. Nestas condições, o impacto da pandemia no município pode ser uma população em declínio mais acelerado que o esperado: “se a mortalidade aumenta e a natalidade diminui a população vai diminuir, no caso de São Borja já estava diminuindo antes da pandemia, com a pandemia vai diminuir mais ainda, esse é o efeito a longo prazo”, esclarece o demógrafo. Porém adiciona que reflexos econômicos e sociais são mais complexos e não podem ser previstos ainda.

Fontes consultadas:

IBGE: https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/index.html?utm_source=portal&utm_medium=popclock 

IBGE: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/sao-borja/panorama 

Portal R7: https://noticias.r7.com/brasil/estados-do-sul-e-sudeste-tem-as-maiores-proporcoes-de-idosos-29032020

Revista Veja: https://veja.abril.com.br/mundo/deficit-de-bebes-o-declive-nos-indices-de-natalidade-em-tempo-de-pandemia/

Atlas socioeconômico: https://atlassocioeconomico.rs.gov.br/crescimento-populacional

Atlas socioeconômico: https://atlassocioeconomico.rs.gov.br/piramides-etarias-e-envelhecimento-da-populacao

Portal do envelhecimento: https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/as-cidades-mais-envelhecidas-do-brasil/ https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/o-impacto-da-pandemia-da-covid-19-na-dinamica-demografica-brasileira/

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PREFEITO DE SÃO BORJA DECRETA ESTADO DE EMERGÊNCIA

Na imagem observa-se as águas do Rio Uruguai, cobrindo o espaço público Cais do Porto de São Borja, onde vários bares estão cobertos pela água, as árvores que rodeiam a beira do Rio estão cobertas, algumas palmeiras e coqueiros estão pela metade. Os postes de luz acesos, refletem a lâmpada laranja rosada sobre a água e o céu cinza sinaliza que mais chuva está por vir.
Enchente do Cais do Porto de São Borja.

Por Danielly Engelmann, Maria Isabel Ramos e Tamires Hanke

Rio Uruguai pode ficar quinze metros acima do normal

O alto índice de chuvas nas últimas semanas do mês de maio fez a fronteira oeste do Rio Grande do Sul ficar em alerta. A cidade de São Borja decretou ontem, dia 30, estado de emergência devido ao aumento do nível do Rio Uruguai. Segundo informações da Prefeitura de São Borja e da Prefeitura Naval da Argentina, o nível das águas está 11 metros e 56 centímetros acima do normal, e a previsão da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de São Borja é que o rio alcance até 15 metros acima do normal.  Este aumento tende a ocorrer devido à situação preocupante das comportas de Santa Catarina e Paraná, juntamente com a previsão de chuva para os próximos dias.

A Defesa Civil estima que 23 famílias ribeirinhas estejam desalojadas em São Borja. Além disso, parte do comércio, da produção agrícola, das vias urbanas e das estradas rurais estão sendo afetadas. Há prejuízo também às aulas das escolas do interior que já estão suspensas por tempo indefinido.  

Formado pelos rio Canoas e Pelotas, na divisa entre Santa Catarina e o Rio Grande do Sul, o rio Uruguai serve como fronteira entre o Brasil e os países da Argentina e do Uruguai. Devido sua longa extensão, o aumento do nível das águas em diversas localidades influencia na situação de enchentes.

O secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Fábio Fronza, destaca que “a cheia do Rio Uruguai não é ocasionada pelas chuvas que ocorrem no município, mas sim pelas que acontecem nas regiões acima, como Garruchos e Santa Catarina”. Fronza explica que as usinas hidroelétricas também influenciam no aumento do nível do rio em nossa região, já que a partir de um certo limite no aumento das águas, as comportas são abertas para não haver transbordamento nos reservatórios. A decisão de abrir as comportas compete a órgãos federais, através de laudo técnico. “Nos últimos três anos, a chuva está com níveis elevados em determinados períodos do ano, e como todos os rios próximos convergem com o Rio Uruguai, a nossa região e município sempre são afetados”.

A situação do clima na Região Oeste do Estado preocupa a população, já que, segundo a Somar Meteorologia, mesmo com o aparecimento do sol e da estabilidade nos próximos dois dias, as chuvas retornam no início da próxima semana e permanecem por tempo indeterminado. Em toda a Fronteira Oeste, mais de sete municípios já estão em estado de emergência devido a suba no nível das águas.  

AUXÍLIO

Como iniciativa de auxiliar a quem precisa, a Prefeitura Municipal de São Borja está organizando um centro de operações, localizado na sede do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS), no bairro do Passo. Campanhas para arrecadação de roupas, alimentos, materiais de construção e cobertores estão sendo desenvolvidas com toda a comunidade.

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Vinte por cento do público prioritário ainda precisa se vacinar, em São Borja

Na imagem, encontram-se duas pessoas em uma sala bege, localizada em uma unidade de saúde. Uma das pessoas é mulher, possui cabelo preto e pele branca, está usando um jaleco branco e ela é a enfermeira. O outro personagem é um homem idoso,está utilizando uma camisa xadrez azul com branco, de manga curta e ele é o paciente. A enfermeira está com uma seringa na mão, aplicando uma injeção no braço esquerdo do paciente. Essa injeção é para ilustrar a matéria sobre o vírus da gripe H1N1 e mostra a importância da vacinação.

Por Danielly Engelmann e Matheus Bernardes

A vacina deve ser feita até sexta-feira, na Central de Vacinas – localizada no antigo Hospital São Francisco, nas Unidades Básicas de Saúde e nos ESFs (Estratégia de Saúde da Família). O atendimento é feito das 07h às 12h da manhã e das 13h às 16h à tarde e não tem custos.

Para realizar a vacinação, o paciente deve apresentar a carteira de vacinação e um documento que certifique a presença nos grupos prioritários. Vacinar-se é o método indicado para não contrair e não espalhar a gripe para os outros. Profissionais da saúde recomendam que a vacinação seja feita com 45 dias de antecedência em relação ao início do inverno.

Desde abril, a campanha de vacinação já destinou 20.740 doses a população. Ainda há a preocupação de alcançar a meta de vacinação no grupo prioritário de crianças até quatro anos e no de gestantes. A diretora do Departamento de Vigilância em Saúde, Fernanda Bohn, afirma que os dois grupos prioritários ainda possuem uma resistência na realização da vacinação.

O infectologista José Volnei Pires explica que o paciente com suspeita de H1N1 deve tomar cuidados específicos em relação ao contato com demais, priorizando o isolamento. A vacinação deve ser realizada por todas as pessoas pertencentes aos grupos de risco, já que é a forma mais efetiva de prevenção.

Causada pelo vírus H1N1, a gripe Influenza tipo A é a que mais preocupa as pessoas. Confundida muitas vezes com um resfriado comum, quando instalado no corpo, o vírus age de maneira contínua no processo de infectologia, podendo causar problemas pulmonares e até mesmo o óbito.

Em 2017, o município de São Borja recebeu 23.676 doses para beneficiar a população, conforme os dados da Central de Vacinas. As vacinas são destinadas prioritariamente ao grupo de risco, composto por crianças de 06 meses a 4 anos, gestantes, trabalhadores da área da Saúde, idosos acima de 60 anos, pacientes com doenças crônicas, indígenas, professores, pacientes privados de liberdade e agentes penitenciários.

Coordenada pelo Ministério da Saúde, a campanha de vacinação tem como objetivo esclarecer os sintomas e riscos que a gripe Influenza tipo A possui, além de incentivar a população sobre a importância da prevenção.

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Seminário de Atualidades em jornalismo Uncategorized Webjornal i4

AMÉRICA LATINA E LÉO GERCHMANN: EXPERIÊNCIAS E ATUALIDADES

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Jornalista Léo Gerchmann no painel Zero Hora “A América Latina na Pauta Jornalística”, na Unipampa Campus São Borja, pelo projeto ZH na Faculdade.

Por Karine Bianchin

Trocas de experiências, debates e até mesmo jogo de opinião movimentaram o V Seminário de Atualidades em Jornalismo. Na última quarta-feira, o bate-papo com o repórter Léo Gerchmann, da Zero Hora, trouxe a “América Latina na Pauta Jornalística” para dentro da Unipampa através do Projeto ZH na Faculdade. A proposta oferece aos acadêmicos de jornalismo novos panoramas sobre o mercado de trabalho, os desafios e as adversidades encontradas no cenário atual, com base nos depoimentos de profissionais da área. O evento contou com aproximadamente 70 participantes entre alunos e professores.  

Redator, produtor, correspondente internacional, enviado especial, colunista e escritor, Gerchmann carrega em sua bagagem inúmeros relatos de suas experiências, suas transições entre redações, dentro e fora do país, mas principalmente o período de sua vida na América Latina. Foram fatos de sua história como jornalista que Gerchmann iniciou sua fala e conduziu o painel ZH. Entre perguntas e respostas, a conversa ganhou forma e a interação entre o representante do mercado de trabalho e as curiosidades da academia se complementaram.  

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Léo Gerchmann interagindo com os acadêmicos de comunicação, no painel ZH, pelo projeto ZH na Faculdade.

Léo Gerchmann se apresenta como um entusiasta do futuro do jornalismo, vê na profissão uma grande possibilidade de emancipação social. Ele diz que “o futuro da profissão é pelo conteúdo”. Não é somente ter informação, promover a instantaneidade com o uso das redes, se não é possível construir um material completo e confiável. Para se ter um bom produto com credibilidade, é essencial que se tenha qualidade. O convidado ressalta que é necessário pensar na ”questão analítica, interpretativa, são elas que levam a qualidade, pois o jornalismo é contar as coisas com qualidade, não interessa em qual plataforma” argumentou. 

Entre as suas relações pessoais e profissionais no eixo Brasil-Argentina, o jornalista defini sua vinda a São Borja como oportunidade. Além de ressaltar que sentia-se “no lugar certo e na hora certa”, traduz essa expressão por observar no cenário onde a universidade está inserida, um grande potencial de interação binacional. Não só promover a cultura e expandir a região de fronteira, Gerchmann acredita ser necessário “aproveitar essa posição geográfica entre a América espanhola e a América Portuguesa, estamos no centro do cone sul” e isso deve repercutir na nossa cultura. Nesse contexto, completa, ter um polo de comunicação entre fronteiras é estímulo para o contato e a aproximação entre culturas, etnias e conteúdos.

É com o intuito de desenvolver histórias muito bem contadas que o jornalismo se caracteriza como construtor e formador de opinião. Sua função social de se aproximar das comunidades e transmitir a verdade é o que faz desse meio diferente. Levar a informação não é só um direito do cidadão, mas um dever do jornalista entrega-las com exatidão e confiabilidade.